Como foi ir Atrás do Amor em Amsterdam

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Vocês sabem qual a probabilidade de eu viajar e não deixar para trás no mínimo uns três crushes pelo caminho? A mesma de cair um meteoro flamejante na terra e eu ser a única sobrevivente. Talvez eu tenha tendência a ver potencial em muitas almas perdidas por aí, mas, o que eu posso fazer? É mais forte do que eu! Porém, no episódio de hoje, o buraco é muito mais embaixo. Não vou compartilhar sobre um amor repentino que foi deixado para trás em alguma viagem, mas sim sobre um amor e sobre uma viagem, que, somados, resultaram numa catástrofe que, hoje, eu agradeço não ter dado certo.

Foi em Janeiro de 2012, eu tinha 14 anos. Estava de férias do colégio e lembro que adorava passar a madrugada assistindo filmes só pelo simples fato de poder dormir a hora que eu quisesse já que não teria aula no dia seguinte. Em uma dessas maratonas, resolvi entrar em um site que uma amiga tinha me mostrado, chamado Omegle. Nada mais é do que um bate-papo entre estranhos com o diferencial de que poderia ser alguém de qualquer lugar do mundo! Lembro que todo início de conversa era: ASL? Tradução: Age, sex, location. Já poupava muito papo furado, uma vez que, se fosse um “sugar daddy” tarado, eu já saía correndo, e se fosse brasileiro, o mesmo. A graça era falar com gringos, né?

Até que, surgiu um Holandês chamado Ernst. Dizia ele ter 16 anos e morava em uma cidadezinha há 1hr de Amsterdam. Conversamos por um bom tempo pelo site até que já estava ficando tarde demais, umas 3 da manhã aqui, e para ele já era praticamente dia, por conta do fuso. Trocamos MSN (meu Deus, como o tempo passou!) para não perdermos contato e fui dormir. Estava achando o máximo tudo aquilo. Ao longo das semanas, marcávamos horário para conversar, eu contava do meu dia, ele contava do dele. Tínhamos a idade próxima e gostávamos das mesmas coisas, então toda aquela troca de vivência estava sendo muito legal. Chegou a um ponto em que começamos a nos falar por Skype e foi aí, meus amigos e amigas, que meu coração rolou ladeira a baixo. Hoje olhando eu penso: Foi por isso que eu chorei até desidratar? Foi. Mas, na época, foi uma somatória de coisas. Ele era tão legal que eu o achava o cara mais lindo do mundo.

Minhas amigas achavam que eu era maluca. Estava no segundo colegial e presa a um cara que morava do outro lado do planeta, sendo que eu não tinha a menor previsão de um dia encontrá-lo pessoalmente. E foi aí que enxerguei uma real possibilidade. Já estava com uma viagem marcada para o final do ano com os meus pais e, por mais que soe mentira, eu sempre quis conhecer a Holanda, desde que assisti àquela novela Páginas da Vida. Sentei com meus pais, expliquei a situação e demos um jeito de encaixar 3 dias em Amsterdã no meio da viagem. Eu não podia acreditar.

Quando contei a novidade para meu crush gringo, ele pareceu partilhar do mesmo entusiasmo que eu. Em menos de seis meses iríamos nos encontrar e seriam os 3 melhores dias da minha vida, disso eu tinha certeza - coitada... Conforme foi chegando perto da data da viagem, o tom das mensagens foi mudando, a frequência com que fazíamos Skype também. Cansei de acordar cedo no final de semana, me arrumar, gastar minha base cara e acabar plantada na frente do computador porque ele me deu o cano em cima da hora. Apaixonada do jeito que estava, eu não queria enxergar...

O tempo passou voando e logo eu já estava em terras holandesas. Nos falamos na noite anterior ao dia do encontro para acertar os últimos detalhes e fui tentar dormir. Tentar porque, obviamente, não consegui pregar o olho. O combinado era que ele viria passar dois dias comigo. Ele deveria chegar por volta de umas 11 horas da manhã e voltar para casa no dia seguinte à noite. Já estava tudo programado, faríamos um passeio de barco pelos canais, iríamos a casa da Anne Frank, depois almoçaríamos no lugar X, enfim, tudo minimamente pensado se não fosse único porém: ele não apareceu.

Naquela manhã, acordei umas 9hrs e desci para tomar café com meus pais. Daquele café da manhã gigantesco de hotel, com 10 opções de pães, 15 geleias, panquecas e doces diferentes, só consegui comer 1 uva. Não foi nem um cacho de uva, foi UMA uva. Era muita ansiedade. Quando vi que não ia conseguir comer mais nada mesmo, subi para ir me arrumando e foi aí que veio a bomba: “Bia, não vou conseguir ir. Tive um problema aqui e não vai dar”. Oi? Derrubei o secador na pia (que perigo, não façam isso!), e comecei a disparar um zilhão de mensagens perguntando o que tinha acontecido, se ele poderia vir no dia seguinte, coisas do tipo. Sem resposta. Meu coração estava estilhaçado.

Minutos depois, meus pais entraram no quarto e logo me levaram para distrair a cabeça. Engraçado que não chorei naquela hora, estava me sentindo até muito forte pelo tamanho do tombo. No entanto, foi entrar naquela porcaria de barco naquela droga de canal, que veio a enxurrada. Na casa da Anne Frank a mesma coisa, porém, foi ainda pior. Chorei tanto pela história dela quanto pelo songo mongo do Ernst, mas, quem olhava de fora, obviamente não saberia do segundo e maior motivo. Chorei até encher um canal inteiro e a noite, quando cheguei no quarto, chorei ainda mais. Tentei ligar para ele várias e várias vezes, até porque, eu via que ele estava online, mas nada dele me atender. Mandou apenas uma mensagem dizendo que estava ocupado vendo um filme. Não preciso nem dizer que soltei fogo pela boca, né?

No dia seguinte, nem uma lágrima escorreu. Deletei tudo o que tinha, o bloqueei de tudo e coloquei uma pedra em cima. Ernst who? Nunca ouvi falar. Não poderia deixar que isso estragasse a minha viagem, afinal, ainda tinha muitos dias pela frente. Quando voltei para o Brasil, senti uma leve pontada. Voltar à rotina e não tê-lo mais para conversar seria sim estranho, mas, se descobri uma coisa, é que o ser humano é muito adaptável. Claro que ainda sofri um tempo e contei essa história para o meu porteiro, para o caixa do super mercado, para os amigos dos amigos dos meus amigos, tudo para que eu pudesse xingá-lo mais um pouquinho, mas, no fim, passou. Tudo passa. Uns 6, 7 meses depois ainda recebi uma mensagem dele perguntado se eu ainda estava brava. Fala sério, haja coragem, porque noção não tem!

Hoje, quase 7 anos depois, estou zero bala. Ernst foi um crush e quase um sonho realizado. Afinal, se não fosse por ele, não estaria aqui contando mais essa peripécia para vocês. Nunca mais voltei para a Holanda, só de ouvir essa palavra já me da um cacoete, mas, tirando isso, acho que superei, rsrs.

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