Com filtro: uma busca por mais verdade nas redes sociais

Como encontrar mais verdade nas redes sociais?
Percebi que ultimamente tenho ficado muito mais tempo no Instagram. Mais do que o normal (que já era demais). No meu feed, graças também ao algoritmo do Insta, há uma chuva de blogueiras grávidas ou mães de bebês. Essa é a fase da minha vida, então é natural que eu procure mais por essas referências. Seja a editora de moda italiana que me inspira com seu estilo ou a influenciadora brasileira que fala bastante sobre como estão sendo seus dias, sobre as faltas de ar, o cansaço, o quartinho do bebê, a participação do cachorrinho, etc. 

No livro “Americanah”, da Chimamanda Ngozi Adichie, que eu e a Rosa (fundadora do Lolla) lemos no primeiro Clube do Livro Lolla e Sofia, a personagem principal ressalta a importância da representatividade a todo momento. Ifemelu reflete sobre as revistas de beleza americanas, por exemplo, que apontam determinadas cores de sombra como tendência da vez, mas que não têm nada a ver com o seu tom de pele negra. (Toda vez que falo sobre isso, lembro de quando eu era adolescente e assistia a série de TV “Roswell”, com a atriz Katherine Heigl – que é loira de olhos claros. Na época, comprei um batom cor pêssego que nela ficava lindo e que no meu tom de pele moreno mais escuro ficava péssimo. E era sempre assim, muito difícil eu me sentir parecida com as atrizes das séries que eu mais gostava). Não dá pra negar que as redes preenchem essas lacunas de representatividade. 

Then and now 
Há alguns anos, eu consumia conteúdo de lifestyle basicamente de revistas. E as revistas são editadas – e limitadas física e subjetivamente, seja pelo número de páginas ou pela linha editorial. Nelas, textos e imagens passam por inúmeras mãos e, logo, perdem um pouco de suas essências.

Nas redes sociais também existe muita edição, eu sei. Os filtros tipo o da Kylie Jenner são instantâneos, as fotos das blogueiras profissionais ainda são tratadas com Photoshop e muitos de seus textos continuam sendo criados por redatores. E não são apenas as famosas que editam suas timelines, nós também fazemos isso. No entanto, ao procurarmos bem, conseguimos encontrar cada vez mais verdade e pluralidade na Internet. 

Tenho me perguntado sobre como posso consumir tudo isso de uma maneira mais responsável (assim como quem posta profissionalmente deve divulgar sua vida de maneira mais responsável). Se a pessoa engordou x quilos na gravidez, claramente não significa que eu tenha que engordar isso. Apenas a minha médica vai me dar essas respostas. Se a outra chegou da maternidade e passou os primeiros meses do bebê sem babá ou enfermeira, ótimo para ela. Só a minha intuição vai me dizer o que eu preciso.  

Acredito que o meu desafio hoje é, por estar tão mergulhada na vida destas outras mulheres, como posso filtrar melhor o que recebo delas. E pior, como posso controlar meus sentimentos (risos) e não me sentir diminuída ao me deparar com a cilada da vida “perfeita” de algumas.
 
KonMari
Estou no grupo de Whatsapp das colaboradoras do Lolla (apelidado carinhosamente de TheLollaGirls <3) e dia destes a Maria Ruth Jobim falou em aplicar o método da Marie Kondo (que está super falada ultimamente por causa de sua série na Netflix) na nossa vida digital. O que pode ser uma ótima sacada. Sendo simplista na explicação, podemos começar a olhar os perfis que seguimos e nos perguntar: “Seguir essa pessoa me traz felicidade?” – que é o que Kondo diz que devemos nos perguntar sobre os objetos da nossa casa. O que não nos traz felicidade deve ser doado ou jogado fora. Mesmo assim, se eu fizer uma limpa nas redes, sei que ainda vou seguir algumas pessoas no melhor estilo “guilty pleasure”. Um mundo complicado mesmo , que tem facetas positivas e negativas, no melhor estilo “é bom, mas é ruim”. 

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