O melhor lugar do mundo é aqui e agora

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Estava cozinhando hoje quando ouvi uma música do Rubel que me pegou de surpresa. Uma música que amo, e que pareceu conectar os pensamentos que vinha acumulando para escrever esse texto. A música Mantra, que nada deve para o nome, tem uma frase linda: “Não me deixa esquecer que o melhor lugar do mundo é aqui e agora”. Comecei a ouvir Rubel em Agosto passado. Na época decorei cada frase, anotei no coração e lembro de quando fui pega cantando na rua a caminho da biblioteca, ou da primeira vez que quis cantar Partilhar para alguém.

A verdade é que realmente “O melhor lugar do mundo é aqui e agora”, porque é onde precisamos estar. Não é misticismo, não é sobre ser fatalista (talvez um pouco), mas é sobre estar realmente atentos ao presente. Quando eu estava no último ano da faculdade fiz um programa de liderança e escrevi em um dos milhões de cardenhos que já tive, a famosa frase de Theodore Roosevelt: “Do what you can, with what you have, where you are.” Quando passei no doutorado me lembro de alguém no telefone falando: “você tem uma missão de 4 anos, o seu lugar é aí, faça o melhor que puder com o que terá”. Coincidência? Talvez não.

Antes, quando eu entrava num avião, a ansiedade me preenchia tanto que eu não conseguia dormir, não conseguia ver um filme inteiro, porque eu estava extremamente focada em chegar no meu destino final. Imagine, 8h num vôo. Hoje em dia eu sou a pessoa que quando entra dorme, mal acorda para comer  (a não ser na maravilhosa Emirates que eles te acordam se você escolher assim), e quase nunca termina um filme, ou porque dormiu ou porque nem assistiu, porque ficou lendo, escrevendo ou admirando a paisagem pela janela.

Perdi um vôo ano passado e isso nunca tinha me acontecido antes. Minha amiga falou que admirou a minha calma e a forma como lidei com tudo. Se já é uma situação chata lidar com isso na sua língua, imagina num outro país, em meio à uma crise climática (nevasca no destino e ameaça de tempestade na origem)?! Tirei de letra. A situação pode ter drenado minhas energias mas eu fiquei tranquila.

Quando avisei meus flatmates que meu vôo mudou a rota e eu chegaria depois, um deles que me disse que eu estava a caminho do lugar "onde os sonhos se realizavam”. Confesso que por dentro eu ri, pensei em escrever: “Eu achei que esse fosse o slogan da Disney não de Minnesota” e logo pensei em brincar com uma foto simbolizando meu sonho realizado ao chegar no destino. Acontece que durante aquele vôo, após dormir - já que eu estava exausta de ter virado a noite dançando, eu não fiz outra coisa que não sentar na janela e admirar. Admirei a graciosidade da neve que cobria as fazendas, os riscos que dividiam as propriedades… mas o grande momento foi a golden hour, quando o sol cobriu em mil tons de dourado aquele mar de terra que parecia nunca acabar.

Tirei uma foto da vista do avião, mandei para meu amigo e escrevi “Realmente parece que sonhos se tornam felicidade nesse cenário de Conto de Fadas. Estou Feliz de ter passado por aqui”. Repito o mantra: “O melhor lugar do mundo é aqui e agora”. Sabe, você pode não reconhecer agora mas será um dia, e sempre é para alguém. Pode não estar onde você gostaria de estar, mas pode ser o lugar que vai fazê-la crescer, vai te fazer feliz, vai te levar para onde você precisa estar. Monja Coen em seu livro novo: “Aprenda a viver o Agora” (Ed. Academia, 2019), nos ensina a aplicar os conceitos de zen-budismo e atenção plena em situações cotidianas, coisas que fazemos de forma tão automática que não vivenciamos. Acredito que no dia que perdi esse vôo eu aprendi muito sobre diversas coisas, como a calmaria, a atenção e especialmente entender como os lugares mexem conosco. Para a Monja, o instante zen, este que vivemos com atenção plena, é capaz de modificar a maneira de ser e viver. Agora entendo o porquê da música ter sido fundamental, começo a praticar o meu instante zen repetindo: “Que o melhor lugar do mundo é aqui e agora”…

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