Fashion shopping não deveria ser sempre fun, com fator surpresa e não uma escolha hi-tech?

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Hoje de manhã li um artigo na BBC sobre algumas empresas de AI e tecnologia investindo em soluções para ajudar as pessoas a comprarem online de forma mais assertiva. Não sei muito bem como isso resolve a questão para boa parte das pessoas que consomem moda. Bloggers e Instagramers mudaram a maneira como a gente consome, se veste e se apresenta para o mundo.

Se vestir é uma parte importante de quem a gente é, é a primeira forma de expressão que a gente apresenta ao chegar em qualquer lugar, não é algo que deve ser ignorado. Quando escuto alguém desdenhando sobre a atenção dada para esta parte da rotina diária, como se fosse algo fútil que não merece o investimento de tempo e de dinheiro, não consigo desassociar de uma insegurança disfarçada de blasé ou quem sabe, alguma forma de depressão.

Uma delas está criando um scanner que tira todas as medidas do seu corpo o que facilita a compra online e reduz o numero de trocas. Mas isso para compras especificas daquela loja. Mas imagino que roupas de uma loja de tecnologia serão mais padronizadas, para diminuir os erros e não vejo como inserir a criatividade de uma moda que empolga nesse contexto. Não seria por um botão com cravações exóticas, mangas exageradamente bufantes que não te permitem tomar um café com tranquilidade e sapatos com bicos duvidosos que consumimos moda? Qual o espaço que esses instantes de ousadia teriam no nosso armário e o play-out com a moda ocupariam em nossas vidas se tudo fosse fácil, abertivo e concreto demais?

Vejo soluções como estas empregáveis em marcas de roupas pragmáticas. A COS seria uma boa candidata e a Artifact Uprising também. São marcas essencialmente de roupas classicas com um twist modernoso, que te deixam sempre apresentável. Essa tecnologia seria aplicável a qualquer modelagem? As marcas que tem na criatividade sua razão de existir conseguirão um dia absorver esse tipo de solução?

Eu não me vejo usando um fita métrica. Já ganhei algumas, de ecommerces que venderam historias interessantes para assessorias de imprensa e ganharam uma matéria no Valor como marcas disruptivas e tecnológicas. Outro dia achei uma dessas fitas métricas em casa. Nunca usei para estes propósitos, nunca tirei uma medida de uma parte do meu corpo para comprar alguma coisa pela internet. Eu compro muito pela internet. Eu comprei meu vestido de casamento pela internet, um Monique Lhuillier de renda curtinho apropriado para um domingo de manhã e não me preocupo em como vai ficar, se vai caber ou não. É uma questão fácil de resolver, mas para os ecommerces não, por causa do custo de devolução.

Eu como consumidora assídua, acho que a informação mais importante que deve ter em uma descrição de uma loja online é sobre a modelagem, o fit. O Net-a-porter faz isso há anos, faz sugestões tipo “runs small, order a size up”, imagino o impacto que isso deve ter na redução de troca.

Acho verdadeiramente impossível aplicar essa tecnologia em larga escala, até pela falta de profissionalismo e informalidade da industria da moda. Aqui no Brasil mal conseguimos ter padrões de modelagem em uma mesma loja. Dependendo da oficina que produziu a sua roupa, você pode vestir 38 ou 42 na mesma loja.

Acho soluções como esta incríveis para algumas categorias, tipo esporte e lingerie. Encontrar o sutiã ideal é praticamente impossível. Mas tanta performance quanto conforto precisam de um fator importante, que é passar despercebido. O sutiã certo é aquele que você não lembra que está usando. Mas com a moda de verdade, the fashion stuff, não seria exatamente o contrário?

Rosa Zaborowsky

Editor & Founder of thelolla.com and Mom of 3

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