Sobre wish lists efêmeras e o que realmente importa.

 Queen Elizabeth/Public Domain  

O convite hoje é para uma reflexão sobre a efemeridade das coisas. Eu sei: é um assunto bastante recorrente. Mas também achei relevante como um novo olhar voltado para a moda e os inúmeros artigos de desejo que preenchem nossas whish lists.

A pergunta é: por quanto tempo essas peças de desejo ficam no topo de nossas listas? E o quão relevantes são para nós?

Mesmo as menos antenadas nos “modismos”, acabam observando os movimentos das tendências nas pessoas com quem convivem. O que agrada vai rapidamente para suas listas de desejos. Ou, mesmo que não cheguem a ir para o papel da futura consumidora, alguma hora estará de frente para ela em alguma vitrine como que dizendo “Oi! Estou aqui! Lembra que gostou de mim?!” A oferta é demasiada. Costumo dizer que as pessoas são bombardeadas diariamente. Difícil escapar ilesa.

Daí, o item adquirido passa a ser o objeto mais legal do seu armário. Pelo menos é assim que acontece comigo. Ele passa a ter toda a minha atenção, vira a peça principal para começar a escolha de uma produção. O restante que se enquadre nela. E por quanto tempo isso dura até outro item virar meu foco principal de novo? Não sei você, mas eu comecei a perceber que para mim durava pouco.

Consciente disso, comecei a questionar sobre o esforço que faço para ir atrás de algo que me agrada. Juro: atualmente está bem próximo do zero! Mas, como falei: as ofertas chegam mesmo assim. A mídia social está aí para nos lembrar e mostrar diariamente lindas imagens aspiracionais e também belas influencers usando e abusando dos itens mais incríveis.

E vem a outra pergunta: o quão esses itens são relevantes para nós? Parece simples, mas é uma pergunta um pouco complexa. Primeiro, pela ordem de nossas prioridades na vida. E segundo, pela durabilidade desses itens. Se formos colocar na balança de prioridades, não gastaríamos muito em compras. Se pensarmos na calça e na blusa que mancham, nos óculos que riscam, no bico do sapato que descasca, não arriscaríamos grandes investimentos também, não é mesmo? Mas é assim que funciona? O emocional vence o racional.... quase sempre.

Um dia desses, estava usando uma calça de seda Cris Barros que amo, quando meu filho veio, cheio de amor e mãozinhas de chocolate, me dar um abraço. Não preciso dizer o que aconteceu. Aquela mancha, que descoloriu o tecido na primeira tentativa de lavagem, veio para ficar. Algum tempo atrás eu teria reagido talvez com um grito de afastamento, um pé batendo no chão com algum xingamento daqueles internos que deixam a gente um pouco vermelha. Mas, isso não é o que ocorre mais. Retribuí o abraço e o olhar daquela carinha linda que me trazia amor.

Aquilo é o que duraria para sempre.

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